Uma noite ímpar na história do Vale do Caí. Apresentados foram os primeiros imortais da Academia Montenegrina de Letras (AML), sendo eles comparados a Dom Quixotes, na luta em nome da cultura e da literatura que se instala na região.
No total foram 12 os empossados. Não são eles cavalheiros da Távola Redonda, muito menos apóstolos de um só Deus. São homens e são mulheres focado no desenvolvimento da sabedoria regional. E assim se deu a noite de 26 de abril, que, para os escritores é a sua segunda data de nascimento.
Realizado na Câmara de Vereadores de Montenegro, a programação iniciou com música. E música da boa, em dueto de Taicir Miranda Firmo e Israel Silva de Oliveira, fazendo dueto em violão e acordeon no Espaço Cultural André Zanatta. O local que recebeu ao público rende homenagem a um entusiasta da cultura popular. André Zanatta, que há um ano partiu para outra esfera, tinha o seu nome vivo entre os escritores e autoridades presentes.
Após, com a presença de autoridades regionais como os prefeitos Darci Lauermann e Carla Maria Specht, de São Sebastião do Caí e Salvador do Sul, se iniciou a programação oficial. Vereadores de Montenegro e São Sebastião do Caí também se fizeram presentes, dando contornos solenes à festa literária.
A Academia Passo-Fundense de Letras se fez presente, cabendo as autoridades desta tradicionalíssima entidade, fazer as honras de paraninfo, levando ao palco principal os 12 escritores que, a partir daquela noite, passariam a ser denominados imortais.
No discurso de Agostinho Both, vice-presidente da Academia Passo-Fundense de Letras, a emoção era perceptível, tendo ele lembrado de seu pai, que do Vale do Caí partiu na década de 1920, tendo ele, agora, a incumbência de voltar e investir, junto com os seus pares, os novos acadêmicos da região. Both lembrou grandes escritores da história mundial e foi passando por eles, citando várias passagens e fazendo alusão à importância que os “donos das tintas” têm na sociedade.
Após, a AML foi presenteada pelo seu padrinhos, a Academia Passo-Fundense de Letras, com diversos livros de acadêmicos desse sodalício, retribuindo com as obras literárias dos 12 empossados. O presidente da AML, Gelson Weschenfelder, em nome dos demais integrantes da entidade regional montenegrina e o acadêmico Bernardo Schneider foram os oradores da noite, revelando a capacidade de síntese de um escritor.
“Era apenas uma ideia e vários escritores motivados. Uma longa história e muito a se descobrir. Foi assim que iniciamos uma pesquisa sobre a escrita de nossa cidade e região do Vale do Caí, foi assim que iniciou a ideia da criação deste sodalício. Foram meses de trabalhos, pesquisas, conversas até a fundação, que ocorreu no dezembro passado. Conversas com escritores, entidades, com a comunidade, buscas e mais buscas. E hoje estamos aqui, concretizando um sonho de muitos”, destacou Weschenfelder.
Já se vão mais de 100 anos de história literária em nossa região e mais de 200 escritores foram localizados durante a pesquisa, revelando a riqueza da vida cultural do Vale do Caí. “Uma história riquíssima, que continua com nossos grandes escritores. Que continua na leitura de um de seus livros; nos trabalhos realizados em escolas, onde encontramos diversos Dom Quixotes, que lutam contra Moinhos, incentivando o hábito de leitura em nossas crianças, em nossos jovens”, argumentou o presidente em comparação com a história literária mundial.
A Academia Montenegrina de Letras, tem como objetivo, lembrar nossa história e unir com o presente, para assim construir um futuro, de incentivo à leitura e a escrita em nossa gente.
Quando de uso da palavra, depois do juramento feito pelo escritor Delmar Bertuol, o escriba e entusiasta cultural Bernando Schneider, mostrou versatilidade e sabedoria, conduzindo os presentes pela história da escrita e a sua importância na revolução ocorrida desde os tempos mais remotos. “Se o que escrevemos mudar o mundo, mudar a nossa cidade, ou mudar apenas uma pessoa já teremos alcançado o nosso objetivo”, destacou Schneider.
Ao final, ainda embalados pelas magníficas palavras do vice-presidente da Academia de Letras de Passo Fundo, Agostinho Both, deixaram o hall da Câmara de Vereadores investidos da responsabilidade de levar adiante a cultura da região e propaga-la pelos pagos gaúchos, indo em direção às fronteiras universais, afinal, os livros são imortalizadores de ideias e eles precisam autores que os levem às estantes de todo o planeta.
São os 12 Acadêmicos empossados na AML:
– Djacyr Alves como membro efetivo e perpétuo desta academia, ocupando a cadeira nº 1, que tem como Patrona Filomena Maria de Oliveira Brandão.
– Gelson Weschenfelder ocupando a cadeira nº. 2 que tem como patrono Pe. Antônio Steffen.
– Alexandre Steffen, ocupando a cadeira nº 3, que tem como Patrono Frei Fidelis Dalcin Barbosa
– Roque Colling, ocupando a cadeira nº 4, que tem como Patrono Balduíno Rambo.
– Cristina Rolim Wolffentüttel, ocupando a cadeira nº 5, que tem como Patrono Hélio Alves de Oliveira
– Eduardo Kauer, ocupando a cadeira nº 6, que tem como Patrono Vitor Silva.
– Delmar Bertuol, ocupando a cadeira nº 7, que tem como Patrona Andréia Cecy Sá Brito.
– Geison de Moraes Machado, ocupando a cadeira nº 8, que tem como Patrono José Daudt de Sá Brito Filho.
– Isaura de Mattos, ocupando a cadeira nº 9, que tem como Patrona Maria Eunice Müller Kautzmann.
– Bernardo Schneider, ocupando a cadeira nº 10, que tem como Patrono Germano Albino Junges.
– Simone Dörr, ocupando a cadeira nº 11, que tem como Patrono Guido Ruschel.
– Jefferson Giacomelli, ocupando a cadeira nº 12, que tem como Patrono Rev. Ernesto J. Bernhoeft.

