Uma muda de carvalho seria apenas uma muda de carvalho, mas não, na noite chuvosa de sábado, dia 9 de novembro, ela viria a ser mais uma simbólica ponte erguida entre Brasil e Alemanha. E ao ser plantada representou a junção das terras alemãs e brasileira, afinal, Ruth Bender, a ex-primeira-dama de Dickenschied, com uma presença de espírito sem igual, trouxe em sua bolsa uma sacolinha com um punhado de terra trazida da cidade irmã de Salvador do Sul. E ao ser plantada pelo ex-prefeito Karl-Wilhelm Bender, pelo atual prefeito salvadorense, Marco Aurélio Eckert, pelo líder regional alemão, Franz-Josef Lauer, e outras autoridades mais, a árvore ganhou morada definitiva. Simbolizando a Alemanha em meio ao Brasil. O Carvalho, que pode chegar a 40 metros de altura e até a 700 anos, é a simbologia da durabilidade de uma relação de intercâmbio. E assim, ao querer plantar um carvalho alemão no Brasil, os visitantes germânicos pretendiam imortalizar a união oficializada em 2013, quando de iniciativa de Carla Maria Specht e Pedro Valdemar Stein, então, prefeita e presidente da câmara de vereadores de Salvador do Sul. E assim, com apresentações culturais, de danças, coral, orquestra e descerro de placas, o intercâmbio foi renovado, a expectativa de viagem uma comitiva brasileira à Alemanha em maio de 2020.
Programação variada Além do plantio do carvalho houve também atividades conjuntas entre a comitiva de alemães, iniciando no Parque Municipal, com direito a música orquestrada, discursos do prefeito e vice de Salvador do Sul, convite oficial das soberanas para que voltem à terra brasileira, e outras solenidades. O descerro de placa comemorativa ao intercâmbio nos pórticos da cidade também teve reforço dos laços tendo o prefeito Bender citado as origens do intercâmbio, em um trabalho que iniciou com pesquisa em 2012, e confirmação do mesmo, em 2013. Depois, no CTG, com direito a churrasco, canto e danças, todos buscaram se divertir, tendo Lauer, o líder regional alemão, feito referência direta aos outros intercâmbios que há entre Vale do Caí e a Alemanha, enaltecendo que uniões são feitas por pessoas, tal casamento entre elas. “Pode haver divergências de opiniões, mas um intercâmbio é a construção de uma vida conjunta, não entre partidos políticos, mas entre muitas pessoas”, frisou Lauer. O trabalho cultural apresentado à comitiva foi primoroso, tendo à frente a secretária Elaide Petry Löff, que acredita no poder de renovação da cultura em uma sociedade em constante mutação.
Rodrigo Hermann, de simplicidade ímpar, foi celebrado na manhã de sábado tal um campeão mundial. E, de fato, o é. Integrante da seleção brasileira de açougueiros, regressou da França e foi aplaudido e ovacionado por tantos e tantos que o conhecem desde muito jovem.
Aquele que um dia começou a vida profissional atuando de maneira modesta hoje é um dos melhores profissionais em cortes de carne do mundo. Ao lado da esposa e do filho, ao qual tem um amor sem igual, Rodrigo foi saudado em frente ao Super Ledur, seu local de trabalho, tendo, inclusive, sendo conduzido no caminhão de Bombeiros.
Em Paris, em companhia dos demais integrantes da seleção brasileira, recebeu a notícia de que o melhor corte de carne bovina da competição era da equipe do Brasil. Uma comemoração proporcional à conquista. Ao lado de um dos diretores do Super Ledur, que é casa de Rodrigo há muitos anos, comemorou e esperava voltar para casa.
“Estou muito feliz e honrado com essa homenagem. Essa conquista não é apenas minha, mas de todos que fazem parte da família Ledur e da nossa comunidade. Obrigado pelo apoio constante!”, afirmou Rodrigo, lembrando que foi a primeira vez na história que o Brasil obteve premiação na Copa do Mundo de Açougueiros.
Recebido por tantos que o viram crescer profissionalmente, Rodrigo fez questão de postar imagem, no açougue, junto com a sua equipe do dia a dia. Assim como com os diretores da empresa na qual trabalha, afinal, a família Ledur também é um pouco sua. Revela-se assim um gigante em humildade e profissionalismo.
A vida pública também tem os seus ícones, aqueles que, mesmo em silêncio, escrevem a sua história. E assim o fez Sidonia Maria Poersch da Rosa. E de maneira discreta também deu o seu último suspiro ao cair da tarde desta quarta, dia 29 de janeiro de 2025.
A mulher que veio do interior para a cidade muito jovem, buscou nos concursos públicos o seu espaço, não tendo vergonha de dizer que assumiu o seu primeiro cargo público como faxineira. Poderia ser retrato de submissão. Poderia, mas não para Sidonia, que tinha já na década de 1980, em seu olhar, o significado da expressão que foi popularizada muitas décadas depois. Era, sim, Sidonia, a face do empoderamento feminino. Muitos poderiam se perguntar: “mas onde já se viu uma mulher que foi faxineira querer ser vereadora?”. Pois bem, não só quis, como conseguiu. Orgulhava-se em dizer que foi a primeira mulher a ser eleita em Salvador do Sul. Esteve no legislativo entre 1983 e 1988, isso é, por seis anos completos, erguendo bandeiras. Abriu caminho para outras mulheres como vereadoras e também prefeita. Em 2013, nos 50 anos de Salvador do Sul, deu entrevista e vibrava com o título da reportagem: “Um batom no Legislativo”. Era grata pelo reconhecimento obtido.
Ia às escolas palestrar, não sobre política, mas sobre possibilidades e lutas. Fez supletivo para terminar o Ensino Médio, antes não tivera oportunidade. Foi fazer vestibular para a área de Direito. E, claro, passou. Cursou faculdade e trouxe para casa, em Salvador do Sul, o seu diploma. Havia vencido mais uma batalha.
Casada com o professor Luiz Mello da Rosa, fez de tudo para oportunizar à filha Bruna, o que ela mesmo não tivera. Valorizava o estudo, a cultura, o conhecimento amplo…
No último final de semana apresentou um problema súbito de saúde e foi levada ao hospital. Transferida para Caxias do Sul e não mais viu a sua Salvador do Sul.
Aos 78 anos partiu à morada eterna e nesta quinta terá o povo a oportunidade de dizer, obrigado e até breve, àquela que foi pioneira em terras salvadorenses.