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Cultura

Alice no País da Pandemia

A atividade de escrita de um texto que refletisse as vivências e experiências dos estudantes na quarentena e que dialogasse com teorias, dados e opiniões acerca do tema foi proposta pela professora de Língua Portuguesa e Literatura do IFRS, campus Feliz, Izandra Alves. A tarefa faz parte das atividades remotas realizadas pelos alunos dos Segundos Anos Integrados ao Ensino Médio: Técnico em Química e Meio Ambiente, dessa mesma instituição. O texto que aqui apresentamos é da estudante Rebecca Dresch Maldaner, que aproxima os personagens de um clássico da literatura universal com os cidadãos comuns que vivem as inconstâncias e inseguranças dessa interminável quarentena.

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Por: Rebecca Dresch Maldaner

Nos dias de “normalidade”, antes da pandemia provocada pelo Covid-19 e pelo isolamento social, vivíamos como a pequena Alice Liddell, de Lewis Carroll, obra publicada em 1865. Corríamos atrás do tempo, representado pelo Coelho Branco, até que, de uma hora para a outra, caímos em um buraco escuro onde as coisas não fazem sentido. As leis da gravidade, que podemos chamar de conhecimento, entram em “choque” por aqui, tudo é novo. No chão, nos deparamos com uma porta pela qual nem todos passariam; é ela que dá acesso a um novo mundo apresentado pelo Coelho Branco. Para que Alice (indivíduos da sociedade) passe, teve que se adaptar ao tamanho da porta; tomar o líquido do frasco em que estava escrito “beba-me” para encolher (como é o caso de muitas empresas que tiveram que demitir seus funcionários, por exemplo). Contudo, antes de cruzar a porta, a pequena garota se desespera. Derrama lágrimas suficientes para formar um mar. Mas, como ela mesma pôde ver, de nada adiantou desesperar-se.

Cruzando a porta, Alice encontra um mundo totalmente diferente. Lá, encontrou-se com a Lagarta Azul, um personagem profundo que poderíamos associar a nós mesmos. É aí que nos perguntamos quem queremos ser, “de que altura” queremos ser. Também encontrou no seu caminho o Gato de Cheshire (associamos à mídia, pois deixa bem claro que há loucos por todas as partes, embora ela não queira estar com os loucos), que Alice julga ser simpático, porém suas garras são compridas e afiadas e tem muitos dentes em um sorriso infinito, o que a deixa insegura. Ele tenta “ajudar e informar” Alice sobre o que está acontecendo, quando a menina pergunta qual caminho tomar. Como resposta, o Gato retorna o questionamento: “para onde você quer ir?”. Alice diz que isso não importa, ela está dividida entre ir para a esquerda (visitar a Lebre de Março – médicos) ou para a direita (visitar o Chapeleiro Maluco – governantes).

Ela escolhe o caminho da direita e, chegando lá, encontra uma mesa posta para várias pessoas. O Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março estão tomando chá, enquanto Caxinguelê (Educação) está em “um dorme e acorda” constante porque espera orientações sobre atuar ou não; por algumas vezes, toma iniciativas e retoma algumas atividades, porém, não alcança a todos pelas grandes diferenças sociais; então, torna a aguardar orientações dos órgãos competentes. A Lebre de Março está surtando, da mesma forma como entra em colapso o sistema de saúde, e, logo no início da conversa, diz que não há lugar para mais nada e ninguém. O Chapeleiro Maluco pergunta à menina “por que um corvo se parece com uma escrivaninha?”, uma pergunta sem resposta, como a que os nossos líderes nos fazem: prevenir a saúde ou salvar os lucros? A diferença é que essa última questão divide a população.

Saindo desse chá-conversa, onde ninguém entrava em consenso, Alice vai a um jardim onde que havia uma roseira enorme, cheia de rosas brancas. Três jardineiros, empregados pela Rainha Vermelha (representante do vírus causador da Covid-19) estão pintando as rosas de rubro (cada rosa pintada pode representar uma vida perdida, mais uma vítima dessa doença) e Alice pergunta o motivo de estarem fazendo isso. Um responde que deveriam ter plantado rosas vermelhas (atingido todas as pessoas de uma vez) e que se atrapalharam, plantando uma roseira branca (o distanciamento e isolamento social retardaram o avanço das contaminações). Portanto, deveriam pintá-las antes que a Rainha Vermelha visse e os decapitasse. A Rainha veio e quis decapitar Alice, mas o Rei intervém a tempo e a menina é “absolvida” de sua culpa. Não muito tempo depois, quando a garota quer se inteirar dos assuntos do Reino em um julgamento (devido a sua grande curiosidade sobre tudo), sua sentença é reposta.

Alice, então, retorna de sua aventura. Está, agora, deitada sob a sobra de uma árvore com a irmã. Ela acredita que escapou de sua sentença, mas a sociedade escapará? Alice tem certeza de que não é mais a mesma menina após ter vivenciado as experiências no País das Pandemia. E nós, podemos dizer o mesmo? E se pudermos, foi uma mudança boa, ou caminhamos para uma vivência mais fechada em nós mesmos, em nossas individualidades, egoísmos e problemas? “Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: quanto tempo?”

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Cultura

Boom: Esperando na Janela ganhe ares de Bailão com o Brilha Som

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Parece ser uma declaração de amor feita em alto e bom som. Na real, não parece, é.

“Esperando na Janela”, agora em ritmo de bailão, na voz de Alessandro Turra e com a pegada do Brilha Som, é sucesso em todo Brasil há décadas. Mas, a sua história, não é tão conhecida assim.

Blanch Van Gogh compôs a letra e a gravação dela emplacou em 2000, bem na virada do século, com a banda de rock Cogumelo de Plutão. 25 anos passados, ganhou a versão do Brilha Som, lançada ontem, 2 de abril de 2025. O clipe gravado na Cervejaria Hunsrück, em meio à natureza vai além de uma belíssima produção.

“Quando cantávamos ela nos nossos shows, com uma versão mais sertaneja, já se percebia uma interação do público, mas na gravação do clipe a energia foi muito forte”, diz o vocalista do Brilha Som, Alessandro Turra.

Em vídeo lançado em suas redes sociais neste dia 3, Turra, lembra que a música foi uma composição voltado a Deus, sendo, sim, uma belíssima declaração de amor.

O estilo musical cá do interior do Rio Grande do Sul vem ganhando o Brasil. É questão de tempo para que nossos artistas tenham sua arte reconhecida neste país continental!

Assista no youtube e nas redes sociais do Brilha.

https://www.youtube.com/watch?v=WIOXtuj5JlI

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Cultura

Urwald conquista o Tri com sua Pilsen

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Vá lá que ainda não dá pra colocar a voz do Galvão Bueno gritando “é tetra, é tetra” mas Urwald está quase lá, afinal, a sua Pilsen foi eleita pela terceira vez a melhor cerveja do Pilsen do Brasil.
 
Nas noites de 11 e 12 de março, ocorreram as premiação do Concurso Brasileiro da Cerveja 2025, South Beer Cup 2025 e 13º Concurso Brasileiro da Cerveja. E não teve premiação apenas pra excelente Pilsen da Urwald. Dá uma conferida aí!
 
 
Concurso Brasileiro da Cerveja 2025
🥇Pilsen “Premium Lager”
🥇Kellerbier Naturtrüb
🥇Bock
🥉 German Pilsner
 
South Beer Cup 2025
(Copa Libertadores)
🥉Pilsen “Premium Lager”
 
13º Concurso Brasileiro da Cerveja.
🥈Porter
🥈Oktoberfest
🥉Kellerbier Naturtrüb

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Cultura

Rock Baladas, da Pandora, ganha as redes e o público

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Na noite de quinta, 20 de fevereiro de 2025, a Banda Pandora, criada há poucos anos, reuniu familiares e pessoas mais próximas para partilhar de um momento único: o lançamento do DVD Rock Baladas. Ao mesmo tempo que as redes sociais eram inundadas pela inconfundível voz de Xandi Gonçalves, no restaurante Garage 89, a banda Pandora chegava em grande estilo, falando aos fãs de relações mais estreitas.

“Essa é a realização de um sonho de criança. Vocês, que me conhecem desde muito pequeno, há muitos anos, sabem que sonhei com isso, olhando para fora das frestas nas paredes da casa de uma só peça em que morava com a minha mãe”, ressalta o vocalista Xandi. Diego Schardong, Ivan Luz e Samuel Pesan partilharam da alegria, deixando evidente que o lançamento do DVD, que está no youtube, é uma vitória gigantesca.

A gravação, em Lajeado, há algumas semanas, foi realizada ao vivo, sem qualquer edição de voz posterior. Os cortes de imagens são mágicos fazendo parecer que o ambiente, bastante grande, fosse pequenino e aconchegando, quase familiar.

Para quem quer reviver os anos 80 e 90, talvez um pouco dos 2000, com o sentimento de nostalgia e amor pela vida pode fazê-lo assistindo ao show histórico que deverá catapultar a Pandora no cenário nacional e, quiçá, internacional.

Assista e viva cada momento como se fosse único:
(3060) Pandora – DVD Rock Baladas (Completo) – YouTube

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