Bom Princípio

Vô Rasmo Gossler dá seu último adeus

Publicado

em

Legados são construídos durante uma vida, seja ela longa ou curta. Erasmo Gossler, ainda que tivesse vivido poucos anos, teria sido alguém a marcar para a eternidade, mas, quis o destino, que vivesse 92 anos, vencendo desafios e fazendo a alegria de um sem fim de pessoas.

Muito antes do dia 23 de dezembro, quando se despediu partindo para a morada eterna, Erasmo Gossler, o Vô Rasmo, recebera homenagem de seus filhos e netos. Muitas homenagens, sendo a principal a nomenclatura do camping em Arroio das Pedras. O Camping do Vô Rasmo sempre foi a alegria dele, mostrando a sua ligação com a terra, assim, quando recebeu o nome, o local serviu, também, como homenagem à matriarca Lúcia. Se casados foram por 67 anos, Erasmo e Lúcia eram um só, de forma que a homenagem feita a um era feita também a outro.

Do casamento, regido por trabalho, fé e acordes musicais, nasceram 11 filhos: Édio, Evald, Geni Maria, João Afonso, Luiz Gustavo, Ana Berenice, Deli Nestor, Carlos Jacinto, Roni Paulo, Vera Martha e Rita Isaura. Destes um grande número de netos e herdeiros de um mesmo legado.

Contam os filhos que Erasmo venceu o câncer de próstata, e lutou bravamente contra o Alzheimer, até o fim de sua vida. Ele foi soldado no exército e participou do “Tiro de Guerra”. “Ele fazia das tardes mais chatas as mais divertidas, quando ele abria aquela gaita enquanto que a vó Lúcia cantava ao seu lado, eles juntos tocaram muitas festas e casamentos”, descrevem.

Os filhos, boa parte ao som da gaita, aprenderam o seu legado, levando a música para onde quer que fosse. Era um homem de múltiplas profissões. Dizia ter 11, dentre as quais agricultor e apicultor, mas era a música que mais amava, assim, era músico por vocação. Alegrar era o seu dever perante a sociedade.

Aquele homem, com mais de 1,80m, era sempre esguio. Retilíneo. Lidava com a vida com a coragem de um gigante. Como nos campos de batalha, mirava o futuro e disparava em direção a ele. Sabia que era preciso seguir o exemplo das abelhas, que tanto amava, fazendo com que o trabalho em equipe sobressaísse. Deixava para Lúcia, mulher de sorriso fácil, o estrelato, sendo ela a abelha-rainha de sua colmeia familiar. Ele, Erasmo, era o protetor. Um zangão nada zangado.

Quando vinha à cidade procurava a todos. Visitava seus amigos, muitas vezes com vidros de mel em suas mãos. Era o seu jeito de adoçar a vida dos amigos e tirar sustento para o seu clã. À sua época e a seu tempo, Gossler era alguém revolucionário, pois não aceitava a vida apenas para ser vivida. Queria fazer e fez história.

No contexto local, de Bom Princípio, Vô Rasmo era uma das pessoas mais conhecidas nas décadas de 1970, 80 e 90. Depois que a idade sobre ele se abateu, ficou mais recluso ao lar, recebendo centenas de visitas, sendo o reconhecimento daqueles que o conheciam e amavam como era. Contador de histórias, amigo e animado, Erasmo era doce, contudo, mantinha o pulso firme, mostrando que para construir sociedade é necessário constituir a base através da família. De grande coração, o vovô de todos, Erasmo agora olha do alto, para o seu Steinbach, e sorri. O que fez na vida foi o bem, o bem para todos, e hoje, todos lamentam sua partida, mas agradecem tê-lo conhecido e com ele convivido.

 

Clique para comentar

Trending

Sair da versão mobile