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Alex Steffen

Salvador do Sul dá adeus à sua primeira vereadora

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A vida pública também tem os seus ícones, aqueles que, mesmo em silêncio, escrevem a sua história. E assim o fez Sidonia Maria Poersch da Rosa. E de maneira discreta também deu o seu último suspiro ao cair da tarde desta quarta, dia 29 de janeiro de 2025.

A mulher que veio do interior para a cidade muito jovem, buscou nos concursos públicos o seu espaço, não tendo vergonha de dizer que assumiu o seu primeiro cargo público como faxineira. Poderia ser retrato de submissão. Poderia, mas não para Sidonia, que tinha já na década de 1980, em seu olhar, o significado da expressão que foi popularizada muitas décadas depois. Era, sim, Sidonia, a face do empoderamento feminino. Muitos poderiam se perguntar: “mas onde já se viu uma mulher que foi faxineira querer ser vereadora?”. Pois bem, não só quis, como conseguiu. Orgulhava-se em dizer que foi a primeira mulher a ser eleita em Salvador do Sul. Esteve no legislativo entre 1983 e 1988, isso é, por seis anos completos, erguendo bandeiras. Abriu caminho para outras mulheres como vereadoras e também prefeita. Em 2013, nos 50 anos de Salvador do Sul, deu entrevista e vibrava com o título da reportagem: “Um batom no Legislativo”. Era grata pelo reconhecimento obtido.

Ia às escolas palestrar, não sobre política, mas sobre possibilidades e lutas. Fez supletivo para terminar o Ensino Médio, antes não tivera oportunidade. Foi fazer vestibular para a área de Direito. E, claro, passou. Cursou faculdade e trouxe para casa, em Salvador do Sul, o seu diploma. Havia vencido mais uma batalha.

Casada com o professor Luiz Mello da Rosa, fez de tudo para oportunizar à filha Bruna, o que ela mesmo não tivera. Valorizava o estudo, a cultura, o conhecimento amplo…

No último final de semana apresentou um problema súbito de saúde e foi levada ao hospital. Transferida para Caxias do Sul e não mais viu a sua Salvador do Sul.

Aos 78 anos partiu à morada eterna e nesta quinta terá o povo a oportunidade de dizer, obrigado e até breve, àquela que foi pioneira em terras salvadorenses.

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Alex Steffen

Um début em Paris

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A história da arte se encontra nas ruas e prédios de Paris. A França respira arte: Monalisa, Louvre, Kailani Leidens de Carvalho, Moulin Rouge…

E a bela bailarina gaúcha, que vive em Salvador do Sul entrou para a história da arte em Paris. Talvez não em definitivo na arte mundial, mas a sua história está na retina e memória dos amigos que foram convidados a assistir, no final de semana, a avant-première de “Kai 15 Em Paris”.

Não houve baile de debutantes em 9 de fevereiro, cercada de amigos e amigas, mas Kailani dançou. Leve, suave, doce… como sempre. Mas não como bailarina e brilhante aluna da Candice Assmann. Dessa vez era conduzida pelas mãos do pai, Marcelo de Carvalho. A mãe, Keitersani Leidens cuidara de todos os detalhes. Vestido. Anel. Enfim, tudo, de tal forma que a Torre Eiffel deixasse de ser pano de fundo, para ser a privilegiada observadora de um momento único de amor a três. Filha, mãe e pai estavam em Paris, sendo capturados pelas lentes criativas de Anderson Martins. E como fotografar é escrever com luz, nada mais justo que escrever essa história na Cidade Luz.

E os 10 dias em Paris viraram filme. Um lindo filme onde a estrela teve seu début.

Bailarina que é, só poderia fazer uma apresentação em Paris, onde a arte do ballet nasceu e se tornou conhecida. E lá, em praças e ruas, Kai dançou e, para a surpresa até de quem planejara tudo, foi assistida e aplaudida por quem passava.

Meses depois daquela semana mágica, em meio ao inverno europeu onde o sol sorria quando Kailaini ia às ruas, a história virava filme e era apresentada numa maneira única e inusitada de celebrar um debutar à vida. Quem quiser assistir um pouco dessa história que se sente ao sofá, prepare as pipocas e o espírito, sendo convidado a uma torrente de emoções. Que a arte, sempre, nos aponte respostas, é claro, de maneira criativa.

http://www.andersonmartinsfotoefilme.com/portfolio/15-anos/540262-15-anos-ensaio-casamento-debutante-anderson-martins

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Alex Steffen

Chega… já chega! Era uma vez um desastrado!

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Recém acordado de mais um sonho estabanado, tirou os seus quase 130 da cama e caminhou até o banheiro. Lavou o rosto e se deparou com uma criatura estranha. Não era ele. Não poderia ser. Os olhos haviam perdido o brilho. As bochechas tinham marcas profundas do travesseiro. A barba estava gigantesca.

– Epa, mas que porra é essa? – falou sozinho, vendo um balde e meio de remela na cara.

Não sabia mais o que fazer.

Estava entediado. Sôfrego. Irado. O mundo perdera a graça.

Sozinho, largado às traças, amargava os dias que a sua amada estava longe. O telefone não tocava mais. O cachorro do vizinho não mais uivava. Vivia um vazio que jamais imaginara ser possível viver. Estava vazio de si mesmo. Cansara. Cansara daquilo tudo e resolvera mudar o quadro.

Foi para o pátio de casa, pegou a máquina de aparar gramas. Tudo errado. Ou melhor, nada de errado ocorreu. Tudo errado para ele, pois não se machucou. Não cortou as roseiras. Não pisou em rosetas. Algo estava de fato diferente. Os desastres, até então habituais, não haviam ocorrido. Nem na ensaboada calçada ele caíra. Seu mundo, desastrado e desgraçado mundo, precisava ter um fim.

Mas como fazer isso? Sua famosa onda de azar já não era mais a mesma. Tinha que ter certeza de que tudo iria frutificar.

Durante dois longos dias planejou. Pensou e executou o plano à risca.

Foi à farmácia e comprou uma dose cavalar de remédios. Tinha de tudo naquele coquetel. Overdose seria pouco para acabar com a vida.

Carregou a calibre 12 e ajustou um dispositivo sobre a estante de livros. Tudo cronometrado a partir do momento que ele decidisse morrer. A arma viria a disparar para dar em meio à sua testa.

Não confiou apenas na balística e buscou uma corda. Daquelas de nylon, azuis e brancas, e a colocou a frente da estante. Pegou uma cadeirinha, já com as pernas bambas, e prendeu a junção de fios no gancho que havia no teto.

Tudo parecia certo. Ou morreria envenenado. Ou enforcado. Ou com tiro entre os vesgos olhos. Leu duas bulas das medicações que comprara e tomou três cartelas de uma só vez. Misturou uns quatro tipos de remédios pra ter certeza. Abriu a gaveta e viu outras pílulas por ali. Tomou também. Ajustou o dispositivo remoto que fizera para a arma. Em cinco minutos ela dispararia. Botou o laço no pescoço e subiu na cadeirinha.

Iria se matar. Não tinha dúvida. Qual é a graça de uma vida sem desgraças?

A mulher que aprendera a ser desastrada com ele não aguentara o repuxo. Era o fim. Pronto. Era o fim. 2 minutos e 30 segundos. E a certeza só aumentava. Não, não era covarde em pensar em se matar. O problema era só dele. Não tinha filhos, irmãos ou pais para que herdassem qualquer coisa.

1 min e contando. A regressiva seguia e ele encarava o cano da 12. Faltavam 11, 10, 9, 8…

Ficou nervoso. Absurdamente nervoso. Uma flatulência inesperada se apresentou. Pesou a calça. Escorreu uma torrente diarreica pelas pernas… 3, 2…

Desequilibra-se. A perna da cadeira cede. O corpo pende à corda. 1… zero. Quando o ar lhe falta a arma dispara, queimando o couro cabeludo e rompendo a corda. O teto de gesso veio à baixo. O tiro atingiu a tevê curva de 65 polegadas. E… boooommmmmm. Tudo parecia ter acabado.

Duas horas depois acordava, tendo a sua frente a mulher (que fora chamada pelos vizinhos). O inevitável havia ocorrido. Eita desgraceira danada. Estava no chão. Fedido como se tivesse caído no vaso sanitário. Do quarto-sala pouco sobrara. Ele, bem, estava vivo… e, pasmem, o colchão d’água inteirinho da silva. Ergueu-se com uma dificuldade monstro, é claro, surfando em meio ao escorregadio piso que um dia foi branco.

Foi ao chuveiro que, evidentemente, estava sem uma gota de água. Chorou de alegria. Sua desgraceira voltara ao normal. Não precisava se matar. Não precisava mesmo. A vida daria conta disso, em algum dia.

Quando sentou na cama, viu a sua mulher com as caixinhas de medicamentos na mão, às quais ela beijava insistentemente. Nunca doses de lactopurga misturado a cialis salvaram a vida de um homem como momentos antes. Espelho não havia para que ele pudesse se ver, mas percebeu que algo mais estava bem vivo. Olhou para a mulher e se jogou sobre ela. Na cama. Se amaram de maneira louca por algumas horas, até que a tragédia seguinte se deu.

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Alex Steffen

Desastrando a própria lenda

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A esposa ainda não se recuperara de tantos incidentes ocorridos em poucos dias, para tanto havia viajado para a casa da sua família. Precisava de um tempo, mas não deixaria de amar o seu cônjuge de tamanho avantajado.

Ele, ainda que tristonho, aceitou a pedida da cara metade. Pensava, umbigalmente, em tudo que poderia fazer sozinho. Amava incondicionalmente, mas amava ainda mais a si próprio, afinal, lhe sobraria a outra metade da maça para devorar entre uma refeição e outra. Nada precisava dividir. Nada.

Vá lá, fez das suas peripécias. Caiu. Tropicou. Enfim, a sina de desastrado continuava. Isso, todavia, não lhe desmotivava. Era assim desde sempre. Assistira tevê. Olhava futebol e via o seu time vencer, mas é claro, não torcia para ele, pois caso isso ocorresse outra derrota avassaladora aconteceria. Era pé frio. Gelado.

Depois de muito “mais do mesmo” resolveu ir banho, afinal, para ter a primeira noite no colchão novinho precisava estar asseado. Olhou para a ducha e sorriu. O box de acrílico inexistia, ele o havia quebrado dias antes ao pisar na bucha vegetal que estava ao chão. Resolveu matar o banho. Não poderia correr o risco. Estava sozinho. E lá se foi, pra cama, sem banho mesmo.

Antes de deitar leu as orientações de INMETRO e percebeu que poderia engordar outros 100 quilos. Não havia risco algum de explodir o tal colchão. Deitou-se e entrou no vai e vai, feito ondas do seu novo leito. Diferente não seria, dormiu. A sequência normal deu-se. Derrubou toda a Floresta Negra, tão potente era o seu ronco. Foi aí que os cordeiros deram lugar ao mundo dos sonhos, mas até Morfeu saiu de perto, pois algo poderia acontecer.

Saíra do próprio corpo e adentrava um túnel do tempo. Tudo bem, não entalou no vão de entrada por mero detalhe, mas saiu todo arranhado. Regressou a 1969 e viu um casario bem antigo e foi espiar. Não tinha perigo de ser visto. Pairava no ar. Viu a própria mãe em uma cama repleta de palha de milho. Gritos e gemidos identificavam o trabalho de parto. Ele, observava tudo com grande curiosidade. Afinal, saberia como nascera. O pai na sala estava, unido a uma garrafa de pinga. A parteira ajudava com a tesoura pronta para atuar. E foi aí que tudo aconteceu.

Ouvia-se o choro abafado do balofo bebê. O pai trôpego veio ver o primeiro rebento. A mãe sorria e chorava ao mesmo tempo. A parteira – pobre velha – faria o que o manual indicava. Faria.

De tão emocionado ao ver o próprio nascimento, o nosso anti-herói deu um passinho frente. Esbarrou no criado mudo e, sabe-se lá como, o espírito era tão pesado quanto o dono que dormia no moderno colchão. E o esbarrão fez com que a vela caísse dentro da gaveta das meias. Segundos depois o cheiro do chulé queimado. A parteira toma às mãos a bacia cheia de água onde lavava o bebê e tentou apagar o fogo. Esqueceu, porém, de tirar o gorduchinho de dentro e lá se foi, bebê, bacia, água, cordão, tudo enfim. O pequeno caíra debaixo da cama com pinico, sem tampa, virado sobre ele. A mãe estava desesperada e esgualepada. O pai, fez o que lhe veio em mente: tomou mais um trago de pinga. A parteira decidiu se aposentar e o viajante do tempo resolveu que era hora de voltar, pois do jeito que andava a onda de azar, o bebê voltaria pra dentro da mamãe para nunca mais vir a este mundo cruel.

Acordou, em um rompante, respirou fundo. Tomou um gole de água, diretamente do vaso de flor, engasgou com o espinho a roseira e respirou fundo. Estava bem, desastradamente vivo. O bebê não conseguira voltar ao ventre. Ainda bem, para ele. Azar do mundo…

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