Quando chamados ao palco os alemães de Klüsserath se mostravam confortáveis, bastante serenos até, mas quando tomaram o microfone, a emoção aflorou, mostrando que a visita a Bom Princípio não era mero ato formal entre cidades, mas uma estreita relação de amizade.
Eram 13 pessoas vindas de Klüsserath em meio ao público da festa do Moranguinho, mas a sua representatividade ia muito além, afinal, estavam ali em nome dos mais de mil habitantes da comunidade e, também, dos antepassados que, com Guilherme Winter, colonizaram Bom Princípio no século XIX.
Eram pouco mais de 100 bom-principienses participando do ato que celebrava 10 anos de intercâmbio cultural, mas, assim como os alemães, a sua representatividade não poderia ser, em momento algum, contabilizada. Afinal, ali, no ato de celebração dos 10 anos de Intercâmbio Cultural entre Bom Princípio e Klüsserath, eram contadas histórias que trancendem ao tempo e ao espaço.
Os alemães, no palco do evento que celebrava a geminação de cidades, foram representados pelas falas do parlamentar regional, Helmut Reis, e pelo ex-prefeito Günter Herres. Enfatizaram, à sobremaneira, a importância do intercâmbio e da manutenção dele através do idioma. Estavam, por completo, realizados e felizes.
Marie-Sophie I. Schwarz, a rainha do vinho de Klüsserath, ladeada por suas princesas Lea Pfeiffer e Maike Briesch, fez uso da palavra e falou com sensibilidade digna de quem domina qualquer oratória. Foi precisa em dizer que viajara por milhares de quilômetros e mesmo assim se sentira em casa. Curvou-se para o público e rendeu agradecimentos pelo carinho e fraternidade existentes. Eleita duas semanas antes de vir ao Brasil, na nova corte do vinho estava radiante, pois pode apresentar os seus trajes oficiais e, mais, conhecer uma nova terra que, muito diferente do que imaginavam, é formada por pessoas que também falam em alemão.
Coube ao jornalista Alex Steffen fazer as traduções das falas dos alemães e também relatar em breve histórico o que foi realizado neste intercâmbio. O fez em dois idiomas, buscando traduzir as palavras de maneira não literal, mas tomadas de um realismo que fosse compreensível em português ou em alemão.
Foram lembrados todos aqueles que trabalharam pelo intercâmbio e, igualmente, enaltecido o esforço pioneiro do ex-prefeito Nestor Seibel, do professor Jacinto Klein e da pesquisadora Hedy Gattermann.
O vice-prefeito Joãozinho Weschenfelder, que era vereador e que assinou o primeiro decreto de intercâmbio – e que foi confirmado em lei pela atual Câmara de Vereadores, em 2019 – também fez uso da palavra. Lembrando de momentos deste intercâmbio e da ida a Klüsserath, em 2010.
Já o prefeito Fábio Persch, que fala o alemão com um dialeto tipicamente regional do vale do Caí, não se fez de rogado, e usou do microfone também no idioma que aprendera com a sua avó. Finalizou dizendo que Bom Princípio e Klüsserath hoje não são mais duas cidades, mas sim uma só comunidade, unida por um sentimento maior de fraternidade.
Trocas de presentes foram feitas sendo os alemães e as autoridades, igualmente, agraciadas com uma revista de cunho histórico que aproxima ainda mais os dois municípios, afinal, a cultura se imortaliza através da escrita e da fala.
O ato como um todo deixou de ser simbólico quando do seu encerramento, pois permaneceram ali, junto ao palco, unidos, comemorando, alemães e brasileiros. Brindes não faltaram, assim como danças, afinal, uma boa bandinha não faz mal para ninguém.