Até que era bem intencionado, porém
sempre que colocava em prática o que pretendia algo de equivocado acontecia.
Era manhã de sábado e ele pensava em surpreender a musa de
seus sonhos. Realmente surpreendeu.
Ligou para um produtor de flores e encomendou um cesto de
pétalas de rosas. Levou a sua encomenda até a cobertura do prédio onde ela
morava e ficou a espreita, querendo lançar flores em seu caminho quando ela
pela porta saísse. Fora dado o sinal de alerta por seu fiel escudeiro: era ela
saindo porta a fora. Atrapalhado e nervoso, esbarrou com a barriga no cesto e
não teve forças para segurá-lo. Lá embaixo ela caminhava, sem perceber o que
poderia acontecer, pois do alto do quinto piso desabavam as rosas, o cesto,
enfim, tudo. Ela percebeu algumas pétalas caindo sobre ela e imaginou ser uma
surpresa, e realmente foi, dois segundos após ela estava ao chão, atordoada,
sem entender nada. Um peso grande e um impacto ainda maior a havia jogado ao
solo tendo ficado desacordada por alguns momentos. Foi tempo suficiente para
que ele descesse correndo as escadarias, tendo o seu fiel escudeiro tomado a
primeira providência: sumir com o cesto. Ele ali estava, com o corpo de sua
amada estirado na calçada em meio a milhões de pétalas. Quando ela acordou se
viu em meio a cena inusitada e com uma tremenda dor de cabeça suspirou ao
perceber que estava sendo carregada no colo.
Ele queria rumar ao hospital, afinal, poderia ela ter tido
algum trauma devido ao impacto. A casa de saúde ficava não mais que cem metros
distante dali e assim a levaria sobre os braços até lá. Mas, o azar voltou a
cruzar o seu caminho. Caminhava rápido e com os olhos fixos em seu decote sem
perceber que a sua frente havia um obstáculo. Diria Drummond, havia uma pedra
no meio do caminho, mas ele não viu, tropicando e caindo em um canteiro de
rosas (que muito bem poderia ser chamado de recanto de espinhos). Estavam ambos
sangrando, com hematomas e arranhões pelo corpo, sendo socorridos por
transeuntes menos desastrados. Foram levados ao hospital e ali, durante três
horas estavam na sala de recuperação, lado a lado. Ela, ainda tonta, sem
entender o que lhe atingira a cabeça e ele, tonto por natureza, imaginando como
poderia cuidar das feridas que sua amada tinha.
Passados seis meses ela não entendeu o que lhe atingiu e ele
não mais ousou cruzar seu caminho, pois era mandinga demais para um homem só.
Precisava, urgentemente, de uma solução para o seu problema e assim tratou de
se curar, antes que ficasse viúvo de seu amor, antes mesmo de casar.
Ela, ainda assim, o observava de longe com ares de protegida
suspirando: meu herói!
Se a história irá render, bom, isso não se sabe, mas que
mais desastre poderão ocorrer, isso dúvida não há… o restante conto depois.